Ser Arquiteto
- Quaresma Arquitetura
- 29 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
A arquitetura é tão complexa quanto filosófica, tão exata quanta a matemática e tão misteriosa quanto a psicologia.
Todos temos gostos e preferências, o arquiteto precisa abrir mão de suas preferências para entender o outro (lê-se aqui, o cliente). O arquiteto torna-se o malabarista de idé

ias, o mentor de sonhos. Tudo isso é traduzido através de formas, cores e materiais, pois o arquiteto é o detentor das ferramentas capazes de administrar as economias da vida desconhecida e, ainda, transformar em moradia o lar ou em qualquer materialidade desejada nos planos de trabalho onde se possa viver, trabalhar, descansar e se divertir. O contato entre o cliente e o arquiteto deve ser encarado como uma cumplicidade entre melhores amigos, onde a transparência na relação não pode ser tímida. O arquiteto traduz aquilo que há de mais profundo na alma das pessoas, aquilo que muitas vezes nem mesmo se sabe conscientemente. Primeiro, que entender a alma de uma pessoa não é tarefa fácil, não é algo que acontece num simples cumprimento, é necessário muito diálogo, cumplicidade e sinceridade de ambas as partes. Isso também vale quando se trata de entender um todo, como por exemplo, a logística de uma empresa, fluxo de produção de uma indústria. Não se trata apenas de algo exato como 2+2 = 4, mas também, do porquê de dois mais dois ser igual a quatro.
Ao começar os esboços, croquis, volumes e formas, o arquiteto necessita dimensionar os espaços, considerar a ergonomia, testar a acessibilidade, inclinações de rampas e telhados, a altura do pé-direito, os raios de aberturas das portas, tamanho de escada e altura dos degraus, larguras dos patamares, acesso de serviços, acesso social, funciono-grama, fluxograma técnico, fluxograma financeiro, planilhas de investimentos, orçamentos, organograma, layout, circulações, instalações hidro-sanitárias, instalações elétricas, sistema estrutural a ser aplicado. É bastante coisa. Então, concluiu-se que estamos tratando de ciências exatas, não resta incertezas.
Ser arquiteto não é apenas uma questão de "bom gosto", mas sim, saber o significado do “bom gosto” de cada um, e transformar isso em algo funcional, ergonômico e economicamente viável.
Como arquitetos, somos dotados de certos parâmetros que ajudam a orientar a direção dos nossos projetos. Temos capacidade de crítica e discernimento. Porém, temos a liberdade para o exercício da criatividade artística sobre aqueles parâmetros. Temos sensibilidade e bom senso. Se houver 10 arquitetos com o mesmo cliente e os parâmetros de projeto forem os mesmos, provavelmente haverá 10 soluções diferentes. Sempre.
Apesar da arquitetura conter ciência e tecnologia da construção, seu produto final não significa uma resposta definitivamente certa ou errada. Dois arquitetos nunca chegarão exatamente a uma mesma solução, partido de um conjunto idêntico de parâmetros de projeto. Há um sentido libertador que faz você agir com o propósito de transmitir a sua própria personalidade no projeto. Além de que o entendimento do cliente é particular de profissional para profissional. Espera-se que tente coisas novas, explore diferentes materiais e incorpore tecnologias emergentes em cada um de seus projetos.
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